terça-feira, 6 de outubro de 2009

O encontro de si mesmo

Era uma vez, um menino chamado Adão. Adão era um menino alegre, simpático, ingênuo, íntegro, aventureiro e às vezes meio irresponsável.

Adão escutou falar, que existiam alguns caminhos, como o de Compostela por exemplo, que o levaria ao encontro de si mesmo. Ficou curioso e resolveu fazer a caminhada.

Para começar a viagem, Adão precisou dar forma ao que não tinha forma. Com sua criatividade, deu o impulso inicial. Adão rezou a Deus e pediu que o guardasse pelo caminho e o lembrasse sempre de manter seu corpo como um templo divino.

Iniciou sua jornada entrando no Mundo da dualidade e dos opostos. Como tudo era novidade para ele, aguçou sua intuição, manteve-se calado e se apegou a Torah (livro dos mandamentos dos judeus).

Passado a insegurança inicial, Adão começou a se sentir mais solto no caminho. Resolveu experimentar seu lado yin (feminino), usando sua criatividade e intuição juntos, colocando-os em atividade. Gostou do que viveu e deu mais um passo e pensou:

- Já que vivi o feminino e foi bom, por que não viver agora o masculino?

E foi o que fez. Assumiu a responsabilidade pelas necessidades materiais de todos que se encontravam ao seu lado. Expandiu seu campo de ação e continuou a caminhar.

Começou a achar que ser só responsável pela matéria não era suficiente, sendo assim, quis experimentar ensinar educação espiritual.

Adão experimentou caminhar como feminino, como masculino e descobriu que precisaria tomar uma decisão. Ficaria por ali mesmo em segurança ou se arriscaria a ir mais adiante? Resolveu continuar. Quando olhou para ele mesmo, viu um jovem maduro e não mais uma criança. Foi assim que Adão descobriu o livre-arbítrio, seria a partir de agora responsável pelas suas escolhas.

Continuando sua caminhada, Adão encontrou um carro puxado por dois cavalos. Subiu a bordo e tomou as rédeas, foi quando notou que cada cavalo puxava O Carro para um lado. Pensou em descer, mas usando sua intuição, soube que viajando naquele carro, se lembraria do caminho de volta para a casa de “Seu Pai”. Adão resolveu manter-se centrado e assim conseguiu equilibrar os cavalos.

Adão agora se encontrava inteiramente na vida. Precisou aprender a seguir regras e a manter o equilíbrio entre o bem e o mal. Teve que conhecer A Justiça dos homens. Intuitivamente soube que se fosse justo, conheceria A Justiça divina.

Adão se sentiu satisfeito com o que aprendeu e viveu. Mas algo dentro dele dizia que tinha muito mais, seria preciso um mergulho dentro dele mesmo se quisesse continuar.

Adão entrou em introspecção, viveu como um eremita, descobriu que todas as respostas estavam dentro dele mesmo, e o externo era só uma ilusão.

Mais sábio e com muita vontade de se auto-conhecer, Adão resolveu reiniciar sua caminhada. Porém, sabendo que precisará manter-se em equilíbrio para vencer os altos e baixos que encontrará pelo caminho.

Busca toda sua Força interior e resolve domar seus instintos, não mais esconder seus “defeitos”. Quer a partir de agora, ter muita paciência e amor para consigo mesmo.

O caminho começa a ficar complicado. Adão quer continuar, mas sabe que mais na frente terá que fazer uma limpeza em sua vida. Resolve dar um tempo, encontra uma árvore e se pendura de cabeça para baixo. Ficaria ali até o ar lhe faltar e ter coragem de enfrentar A Morte do ego.

Cansado da estagnação, Adão desceu da árvore e como não quis voltar para trás, foi de encontro à tão temida Morte. Muitos que estavam caminhando a seu lado, neste ponto resolveram voltar.

Encontrando A Morte, Adão pergunta o que deverá fazer. A Morte lhe diz que deverá limpar seu terreno de todas as ervas daninhas e preparar-se para um novo plantio. O ego precisará morrer. Mesmo com medo, Adão seguiu todas as instruções e foi quando se deparou com um anjo.

O anjo lhe disse que se chamava Temperança e a partir daquele momento seria seu condutor. Conduziria sua alma de encontro à totalidade, à unidade. Adão se animou, mas foi informado que primeiro ele teria que descer ao inferno, romper o ciclo vicioso de seus erros, acabar com dependências e vícios. Depois deveria quebrar o muro da Torre que aprisionava a sua alma, acabando assim com falsos conceitos e crenças.

Adão se encheu de coragem, desceu ao inferno, lutou com O Diabo, quebrou os muros de sua Torre e se viu livre. Sua consciência se expandiu e pôde ter noção do que era deixar de ser fragmentado. Enxergou de longe a unidade.

Neste momento oito estrelas apareceram no céu. Adão se encheu de esperança, com o novo fluindo em sua vida, novas idéias e novas oportunidades. Com o aparecimento das estrelas, Adão internamente soube que as leis agora que teria que seguir, se quisesse continuar, seriam as leis cósmicas. Seus olhos foram abertos interna e externamente.

Adão estava cansado, sentindo sua auto-estima baixa depois de tantos percalços, mas ao mesmo tempo sentia-se maravilhado e querendo muito seguir adiante.

O próximo passo do caminho seria transformar sua escuridão em “luz”, vencer sua imaginação, seus medos. Alguém lhe contou que esta era a pior parte do caminho. Que se ele não se mantivesse conectado a Deus e com muita fé, facilmente se perderia e beberia da água do esquecimento. Bebendo desta água, ele esqueceria tudo o que tinha aprendido e por onde tinha passado, e com amnésia, voltaria ao início da caminhada.

Adão se apavorou, mas logo se lembrou que um dos objetivos era de vencer seus medos. Centrou-se e rezou. Pediu que anjos e arcanjos o acompanhassem e de longe avistou O Sol.

Adão venceu a noite escura e O Sol banhou seu rosto. Dançou, cantou, deixou que sua criança interior viesse à tona. Adão se sentiu feliz e pela primeira vez se sentiu inteiro. Tinha encontrado com ele mesmo, e isto era muito bom.

Adão agora precisava da ressurreição, precisava renascer em novas bases. Era O Julgamento final. Sentia-se não só responsável por si mesmo, mas por toda a humanidade. Deixou a velha personalidade enterrada em um caixão e renasceu. Foi à vitória do divino sobre a matéria.

Adão entrou em êxtase.Sua aura se expandiu e se uniu à Deus. Foi o encontro com a totalidade,com a unidade, com si mesmo.


Extraído do livro "Tarô - O Caminho de Adão" - Thereza Ferraz - 2007

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